13 de novembro de 2015

A canção da alma

Teve uma noite em que eu cantei a canção da Helena...

Mas eu me esqueci.

Deveria ter gravado, pois ela veio da alma. Assim como a do Henrique, que intuí logo após sair da Maternidade (não com essa compreensão, é claro, mas é uma canção apenas dele).

Acho lindo que um povo valorize a chegada de um ser, mesmo quando ele ainda é "potência de ser" no ventre da mãe.

O texto abaixo é para as pessoas de alma sensível, que reverenciam o brotar da vida, seu desabrochar e inevitável morrer. Aprendizados.

"Quando uma mulher de uma certa tribo na África sabe que está grávida, se isola na selva com outras mulheres e, juntas, rezam e meditam até que lhes venha a canção da criança. 

Sabem que cada alma tem sua própria vibração que expressa sua particularidade, unicidade e propósito. As mulheres cantam a canção e a cantam em voz alta. Logo retornam à tribo e ensinam a canção a todos as pessoas. Quando a criança nasce, a comunidade se junta e canta sua canção.

Quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe canta sua canção. Quando inicia a vida adulta, o povo se junta novamente e canta sua canção. Quando chega o momento de seu casamento, ela escuta sua canção. Finalmente, quando chega a hora da sua alma ir para um outro mundo, a família e os amigos se aproximam de sua cama e, assim como no seu nascimento, cantam sua canção para acompanhá-la na sua transição.

Nesta tribo da África há uma outra ocasião na qual o povo canta a canção. Se em algum momento durante sua vida a pessoa comete um crime ou um ato social agressivo, se leva a pessoa até o centro do povoado, todos formam um círculo ao seu redor e cantam sua canção.

A tribo reconhece que a correção para as condutas anti-sociais não é um castigo e sim o amor e a recordação de sua verdadeira identidade. Quando reconhecemos nossa própria canção, já não teremos desejos nem necessidade de fazer nada que possa prejudicar os outros. Teus amigos conhecem a tua canção e a cantam quando a esquecer. Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes ou pelas escuras imagens que mostras aos demais. Eles recordam a tua beleza quando te sentes feio; tua totalidade quando estás partido; tua inocência quando te sentes culpado, e teu propósito quando estiveres confuso.

Não necessito uma garantia assinada para saber que o sangue de minhas veias é da terra e sopra em minha alma como o vento, refresca meu coração como a chuva e limpa minha mente como a fumaça do fogo sagrado."

* Texto de Tolba Phanem: mulher, poetisa, africana, defensora dos direitos civis das mulheres africanas.

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