13 de fevereiro de 2016

Há seis meses atrás...

Nossa passarinha voou.

Depois de intenso trabalho de parto, e em uma noite difícil para quem estava lá.

Sem contar os dias subsequentes à perda e à cirurgia, o sexto mês foi de longe o mais difícil de reviver.

Fiquei deprimida, enraivecida, irritadiça.

Todos os dias significativos foram vivenciados de forma intensa. Aliás, há pouco tempo notei que tenho quatro dias que se repetem mensalmente na memória:

Dia 10 - o dia da perda, quando percebi que Helena não mais se movimentava;
Dia 11 - o dia em que foi confirmado o óbito e fui internada;
Dia 12 - o dia do trabalho de parto, envolvendo muito silêncio;
Dia 13 - o dia do nascimento, do conhecimento e da despedida...

Sinto que não sou mais quem eu era, mas quem sou agora?

Que pessoa eu me tornarei?

É comprovado que a fase mais intensa do luto é no primeiro ano. Talvez por estar na metade dos 12 meses todas as emoções estejam à flor da pele. Penso que é o momento em que finalmente caiu a ficha da verdade nua e crua: sou uma mãe que perdeu sua filha sem a possibilidade de conhecê-la... 

Que não pôde dizer olhando em seus olhos o quanto é amada... De enterrá-la e dar o último beijo de despedida.

Sou uma mãe na dor pelo sofrimento do irmão daquela que partiu... Na dor pelo sofrimento do pai da Helena...

Queria que tivesse a possibilidade de fazer alguma coisa... No lugar mais protegido para alguém estar, o útero da própria mãe, minha filha morreu. E eu não pude evitar. Não, eu não pude evitar...

E isso dói demais na minha alma.

Não tem como voltar atrás. Não há nada que eu possa fazer para ter minha filha nos braços...

Minha pequena e amada Helena...

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