31 de agosto de 2015

Desabafos - mamãe em luto

Um dos momentos mais difíceis, para mim, são aqueles em que o Henrique fala da irmã.

Ontem, por exemplo, estávamos no estacionamento do supermercado quando ele apontou para uma família e disse: “Nossa família seria igualzinha àquela”. Era um casal com um menino e uma bebêzinha que estava no colo da mãe.

Nós sonhamos tanto com a nossa família de “4”. Foi realmente uma alegria quando soubemos que viria uma menininha. Não fazia questão que fosse menino ou menina, mas ter um casalzinho de filhos seria nossa “cereja do bolo”.

E o processo agora é desconstruir isso. Não sei se teremos mais filhos. É muito cedo para dizer. De qualquer maneira, a Helena se foi. E ela é insubstituível.

Sempre olharei para uma menininha com sua mãe e imaginarei como seríamos nós duas.

As datas da Helena não passarão em branco. Estranho que ela tenha morrido antes de “nascer”. Difícil o cérebro processar essa informação. Não faz muito sentido. Mas a cada aniversário, lembraremos com pesar sua breve passagem. Até o final dos meus dias, será dessa maneira.

Mas como disse no começo do post, dói perceber a tristeza e frustração do Henrique pela morte da Heleninha.

Deixo-o verbalizar, e aproveito para dizer que também estou triste e que sinto muito.

Apenas me mantenho alerta para não deixar espaço à falta de fé e esperança entre nós. Eu e o Lê estamos nos esforçando para que o Henrique entenda que o ocorrido foi uma fatalidade, e que Deus continua sendo maravilhoso embora coisas tristes aconteçam em nossas vidas.

Estou participando de um grupo no Facebook criado por mães que perderam seus bebês. Chama-se “Por que partiu tão cedo?”.

Tem feito bem compartilhar minha história e ler outros relatos. Não me sinto tão “alienígena” e sozinha. Além disso, encontro ferramentas para lidar melhor com a dor.

Uma das participantes compartilhou a história da irmãzinha do Chico Bento. Não sabia que ele também perdeu a irmã. Achei uma incrível sincronicidade e logo mostrei para o Henrique, já que adora a Turma da Mônica.

Ele leu a primeira história e me pediu que lesse a segunda. Gostou bastante. E me senti aliviada pelo fato de abordarmos o assunto de uma maneira lúdica e sensível.

Ainda falaremos muito sobre isso aqui em casa…

Leia as histórias aqui: Mariana, a irmã do Chico Bento.

O fato é que preciso “cuidar” da dor do meu filho mas não tenho ideia do que fazer com a minha própria dor…

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