3 de agosto de 2016

Luto do irmão

De fato, não tive muita inspiração para escrever por aqui.

Parece que nada era tão digno de anotação... Mas o processo de renovação após a morte da Helena e reconstrução das nossas vidas continuou.

Em Julho eu fui ao Santuário da Nossa Senhora Desatadora dos Nós e foi muito significativo. Coloquei a Helena nos braços da Mãe... Coloquei lá também o meu coração para que seu amor e compaixão o curasse. Pedi por meu marido e também pelo meu filho.

Pedi especialmente pela Helena, claro.

Eu me emocionei muito e acredito que tenha sido um ritual importante para o encerramento desse ciclo. O ciclo do aniversário da nossa filha.

No mês passado, publiquei meu primeiro artigo no site "Do Luto à Luta - Apoio à Perda Gestacional e Neonatal" sobre o nome do bebê na Certidão de Natimorto. Tive retorno de algumas mães e percebi que foi um trabalho muito importante. Quero realmente contribuir para que nenhuma família se sinta sozinha nessa dor. Quem sabe ainda poderemos mudar algumas questões regulamentares e legislativas a esse respeito, também?

O importante é que hoje temos espaço para falar sobre um assunto tão delicado.

Mas o que me motivou realmente a escrever aqui hoje foi o meu filho...

Ontem, voltando pra casa, ele me perguntou se a Helena tinha nascido no ano passado. Respondi que sim, e que em breve faria um ano. Que essa data sempre seria muito especial para nós.

Mas ele ficou muito triste.

Quando fizemos o Evangelho à noite, e na oração final pedi especialmente pela Helena, ele chorou.

As lágrimas foram sinceras e sentidas.

E me perguntou: Por quê com a Helena, mamãe?. Não que eu quisesse que fosse com outra pessoa, eu não queria que isso acontecesse com ninguém, nunca...

Fiquei tão surpresa com sua pergunta e reflexão madura. Porque por diversas vezes me questionei da mesma forma.

Faz tempo que eu já não pergunto mais, pois não importa a razão. Importa o que fazemos dessa experiência em nossas vidas.

Há aproximadamente três semanas tive sonhos muito significativos que têm me ajudado a elaborar e organizar meus sentimentos. Finalmente sinto que o lado doloroso do que passamos está partindo. E, embora sempre tenha achado que perdi minha filha, comecei a perceber o quanto ela está presente em mim.

Que a dor vá embora, e fique definitivamente o amor.

O meu filho é um menino de apenas 8 anos... Sabemos que seu processo de elaboração será à medida que for aumentando a sua compreensão de tudo.

Se eu pudesse, tiraria essa dor dele. Mas acredito que o conhecimento da morte de forma tão precoce o tornará um homem forte. Três vidas importantes para ele se foram: tio, avó e irmã. Pouco tempo de intervalo entre elas... 

Mas a "perda" da irmã realmente feriu seu coração de menino.

Se alguém quiser compartilhar a experiência do irmão ou irmã com relação a perda do bebê, sinta-se à vontade nos comentários.

Força, amor e luz para todos nós!


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