Os últimos dias foram de angústia.
É estranho porque não consigo pensar exatamente em algo que possa ter iniciado sentimentos tão sombrios. Talvez o relato do meu parto tenha mexido comigo de uma maneira que não imaginei. Talvez a carga hormonal pela menstruação que veio tenha potencializado o meu luto. Provavelmente os dois...
No entanto, se escrevo agora é porque já saí do túnel e respiro de forma mais suave.
Para minhas irmãs de alma que também tiveram filhos do silêncio, quero dizer que me solidarizo com a difícil recuperação do seu corpo.
Somos aquelas que não conseguimos abstrair a difícil realidade dos nossos bebês sem vida. Ela está marcada no corpo cicatrizado, nas dores de sua recuperação, na linha negra do abdômen, no seio que verte leite...
Sentimos a tristeza por tudo isso ser em vão.
Não nos importaríamos com a flacidez e inchaço do nosso ventre, se nossos filhos estivessem nos braços.
Não nos importaríamos de nos sentirmos sem a beleza de antes, com nossos bebês requerendo cuidados.
Simplesmente não nos importaríamos...
Mas aqui estamos, na difícil luta diária da recuperação por um parto ou cirurgia que não teve o significado que desejávamos. E na difícil arte de conviver com a dor emocional materializada de maneira tão fiel em nosso corpo.
Jamais tinha me deparado com essa dor. E agora sou a própria experiência dela.
Oh Carol. Ontem também foi um dia horrível para mim. Era meu aniversário! E ninguém consiguia entender porque numa data que se comemora a vida, eu apenas queria chorar. Chorar por cada parabéns e felicidades que não tinha o mesmo significado. Seria meu primeiro aniversário com minha Elena e tornou-se o primeiros de muitos sem ela.
ResponderExcluirOi Erica! Sinto muito por ter passado um dia especialmente triste. Como eu te entendo... Infelizmente não há o que possa diminuir a dor dessa ausência, mas sinta-se fortemente abraçada. Nossas filhas são luz e amor... Beijos!
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